terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Discussões teóricas: Fernando Hernández e a Cultura Visual

Na aula do dia 22/11 discutimos a parte inicial do texto de Hernández - Cultura Visual, Mudança Educativa e Projeto de Trabalho, onde o autor aborda alguns conceitos sobre interpretação, Cultura Visual, trabalho por projetos entre outros. A temática ganha em importância no mundo contemporâneo bombardeado por inúmeros recursos imagéticos a cada momento. O mundo é imagem, representações retratadas de inúmeras maneiras e emitidas ao receptor. 
Por ter formação ligada as artes visuais, Hernández aborda as relações entre o saber escolar através de projetos que visem a abarcar a imensidão de produtos criados pela cultura visual. No texto estudado e discutido nesta aula, em primeiro momento uma análise mais teórica dos conceitos, passando ao segundo momento onde três exemplos de trabalhos por projetos foram realizados. Este segundo momento será melhor abordado na aula do dia 06/12, sendo apresentadas as experiências do artigo em grupos divididos anteriormente, para tornar mais dinâmica a discussão.








 Figura 1: Fernando Hernández
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/pensadores-da-educacao/fernando-hernnndez.shtml



Fichamento complementar do texto de Fernando Hernández:

Primeiro conceito trabalhado é o de interpretação, que vem a ser compreender e manifestar explicitamente essa compreensão. Sempre estamos interpretando...
Os produtos culturais constituem representações ou expressões de experiência por intermédio de sistemas codificados de símbolos.  Esse é o fundamento da cultura.

Interpretar é, portanto, decifrar. Implica decompor o objeto. Toda a interpretação é uma representação, por meio de símbolos, de uma concepção de algo. Então, existe graus de interpretação. Depende da familiaridade, da competência, do conhecimento.

Em Calabrese (1989), encontramos uma aproximação à interpretação que considero útil para a Compreensão da Cultura Visual (CCV) na escola. Implica levar em conta que:

-         Descrever um fenômeno da cultura significa prescindir de sua qualidade, se por isso se entende emitir um juízo de valor.
-         Busca-se achar algumas conexões entre objetos distantes , a descrição não depende só do autor.
-         A interpretação é também a confirmação de um preconceito. Ninguém pode liberar-se de seus julgamentos prévios que, além do mais, são condição da experiência, mas a submissão aos mesmos reduz a interpretação ao rotulado.

CULTURA VISUAL; BASES PARA UMA DEFINIÇÃO TRANSDISCIPLINAR DE CONHECIMENTOS
 Na educação escolar é preciso realizar uma empreitada através do cruzamento de olhares. Os do passado e os do presente. Isso significa que os objetos não tem vida, mas sim adquirem sentido pela experiência de quem os olha e os possui. Mas, ao mesmo tempo, os objetos são uma fonte de conhecimentos. O que nossa proposta curricular reivindica e a necessidade de pesquisar sobre esses objetos para aprender com eles.

A ARTE NA EDUCAÇÃO COMO ESTUDOS DAS REPRESENTAÇÕES CULTURAIS
 Há uma ponte entre duas práticas sociais: a arte e a educação. Ambas se movimentam aparentemente sob posições ao mesmo tempo antagônicas ou confluentes. A arte é uma forma de conhecer e representar o mundo. A educação organiza o conhecimento privado em relação às formas públicas de representar o mundo.
Michael Parsons (1996) sugere uma série de questões para abordar essa relação. A primeira refere-se a finalidade e à importância de “fazer arte”na escola. A segunda é a relação entre os enfoques formalistas e a importância do contexto cultural. Por fim, é necessário enfrentar a problemática da relação da arte com o restante do currículo.

A NOÇÃO DE CULTURA VISUAL COMO EIXO DA EDUCAÇÃO PARA A COMPREENSÃO
 A noção de cultura visual é interdisciplinar e busca referenciais da arte, da arquitetura, da história, da mediatologia, da psicologia cultural. Há os contestadores que acreditam que a Nova História tenha influenciado na criação de uma nova História da Arte. De NOSSA PARTE a noção de cultura visual corresponde as mudanças nas noções de arte, cultura, imagem, história, educação...
Walker e Chaplin (1997) a cultura visual tem como objeto de estudo os artefatos materiais produzidos pelo trabalho, ou seja, ação e pela imaginação dos seres humanos.
Baxandall (1976) e Alpers (1987) utilizam a noção de cultura visual com referencia ao atributo de uma sociedade ou de um estrato da mesma. Baxandall utiliza aos grupos que, no Renascimento, desenvolveram algumas estratégias visuais e cognitivas específicas para poder facilitar sua apreciação das novas formas de pintar e representar a realidade. Por sua vez, Alpers se refere a pintura holandesa.

Na educação, os termos critico-critica aparecem de maneira freqüente e com sentidos diversos, neste contexto critica significa ao mesmo tempo avaliação e juízo. Sobretudo se levarmos em conta a opinião de inúmeros autores. Para responder a novas questões departamentos de historia da arte foram rebatizados de cultura visual, tendo em vista aumentar o leque de discussões. Porém, esta multiplicidade não é vale tudo.  O OBJETIVO na verdade é explorar as representações que os indivíduos, segundo suas características sociais, culturais e históricas, constroem da realidade. Trata-se de compreender o que se representa para compreender as próprias representações. Na cultura visual não há leitores, mas sim construtores e interpretes na medida em que a apropriação não é passiva nem dependente.

Do ponto de vista da noção de patrimônio vinculada a reafirmação da identidade nacional de um grupo e relacionada a um território, uma língua ou uma religião, ao mesmo tempo em que é revisitada e questionada, tende a ser apresentada como o resultado do cruzamento dos olhares, valores, representações e histórias de diferentes grupos e tradições. Cito na validade de mestiçagem do patrimônio substituir a exclusividade de um só grupo.

COMO ORGANIZAR O CURRÍCULO PARA ENSINAR A COMPREENDER A CULTURA VISUAL?
Traça alguns pontos que podem ser adotados:
-         A expansão, cada vez mais global, da informação e das fontes de conhecimento.
-         As mudanças crescentes no mundo e nas nossas formas de entende-lo, devido à compreensão das tecnologias e do espaço e tempo.
-         Contato crescente entre indivíduos, crenças e culturas.
-         Relação mais forte e interativa entre pesquisa e desenvolvimento social devido a rapidez das comunicações e a reorientação e desenvolvimento constante do conhecimento.

TRES PROJETOS DE TRABALHO PARA A COMPREENSAO DE CULTURA VISUAL
ALGUMAS DUVIDAS QUE SE APRESENTAM QUANDO SE MOSTRAM EXEMPLOS DE MATERIAL CURRICULAR
Quando se concretiza a experiência curricular e se pretende torna-la publica, surgem as seguintes perguntas que refletem, em boa parte, uma concepção dos materiais curriculares distanciada da norma e da réplica total e fragmentada.
-         Como apresentar um material curricular para que seja aberto?
-         Como se pode vencer a distancia entre o reflexo de uma experiência rica em matizes e os limites de por no papel?
-         Como refletir o sentido de compreensão que se encontra na pesquisa que o docente e os alunos realizam e que nem sempre aparece no que é lido como apresentação de atividades?
-         Como mostrar as sensações individuais de forma grupal, dos docentes, alunos e colaboradores?
-         Como refletir o conjunto de vozes?

ALGUMAS POSSIVEIS RESPOSTAS SOBRE O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES
Quem adapta material curricular depara-se com possíveis alternativas:
-         Adaptar conceitos da matéria a qual é especialista ao nível educativo
-         Parti de um tema no qual os conteúdos devam ser transmitidos, e apresentar diferentes propostas de atividades para que os professores (ou alunos) possam escolher.
-         Propor a trajetória pelo tema como uma história que se organiza em diferentes momentos.
-         Transladar a própria experiência, que se baseia no singular.
-         Partir da própria experiência, avalia-la, relaciona-la com outras perspectivas e enfoques (e exemplos) e organizar o resultado, destacando o processo seguido.

AS NOÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E ENSINO PRESENTES NESSES PROJETOS
Concebe a aprendizagem como uma produção ativa (não passiva) de significados em relação aos conhecimentos sociais e a própria bagagem do aprendiz.  A ordenação ou sequencialização dos conteúdos não se articula como um sistema experimentado, em que o professor deva prever todas as decisões antes de realizar a tarefa de ensinar. Procede-se de acordo com a definição de alguns roteiros de ação.

A IDEIA EDUCATIVA QUE ORIENTA OS PROJETOS DE TRABALHO
 Quando falamos de projetos, o fazemos pelo fato de imaginarmos que possam ser um meio de ajudar-nos a repensar a refazer a escola. Entre outros motivos, porque, por meio deles, estamos reogarnizando a gestão do espaço, do tempo, da relação entre os docentes e os alunos, e sobre o discurso escolar.
No contexto atual de bombardeio de informações os projetos auxiliam na triagem do que pode ser mais significativo.

A NECESSIDADE DE REPENSAR O SABER ESCOLAR E DE POSICIONAR-SE DIANTE DAS MUDANÇAS

Os que procuram entender porque a escola esta seccionada em períodos de 50 minutos. Popwick (1987), as matérias escolares são o resultado da alquimia reguladora que a instituição escolar exerce sobre os saberes culturais.

TRABALHAR POR PROJETOS NÃO É SEGUIR O MÉTODO DOS PROJETOS

-         Inspirado pela Escola Nova de Dewey e Bruner
-         Vão além dos limites escolares
-         Implicam realizar atividades
-         Os temas selecionados são de interesse de alunos e respeitam os estágios de desenvolvimento
-         Fazem experiências de primeira mão
-         Pesquisam alguma coisa
-         Promovem atividades em grupo.

FAVORECER A COMPREENSÃO COMO FINALIDADE DOS PROJETOS

A finalidade do ensino é promover nos alunos a compreensão dos problemas que pesquisam. Compreender é ser capazes de ir além da informação dada, é poder reconhecer as diferentes versões de um fato e buscar explicações. Compreender é uma virtude cognoscitiva e experiencial de tradução-revelação entre um original, isto é, uma informação, um problema, e o conhecimento pessoal e grupal relacionado a ela. Essa relação implica estabelecer trajetórias entre o passado e o presente, entre os significados que diferentes culturas dão às manifestações simbólicas e às versões dos fatos que são objeto de estudo. Implica níveis de compreensão.  
Perkins e Blythe (1994) relaciona-se com a capacidade de pesquisar um tema por meio de estratégias como explicar, encontrar evidências e exemplos, generalizar, aplicar, estabelecer analogias e representar um tema de uma forma nova.

2 comentários:

  1. Segundo o educador espanhol fernando Hernández, o que constitui a cultura visual?

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  2. Segundo o educador espanhol fernando Hernández,o que constitui a cultura visual?

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